terça-feira, 13 de setembro de 2016

[das coisas que eu mais odeio no mundo]


Encontro-me em um eterno filme francês. As coisas demoram para acontecer, não há trilha sonora e tudo parece que está bagunçado demais. Às vezes eu esqueço de olhar pro céu e agradecer, por sei lá o quê. Às vezes eu olho para o lado da cama e abro um sorriso que necessita de lágrimas. Às vezes eu deixo de falar de você pra minha psicóloga. Sentar naquele divã que não sei se é rosa ou vermelho, me traz a necessidade de falar de você. Quanto tempo eu ando falando de você? Não sei, talvez minha vida toda? Quanto tempo falamos das coisas que mais nos aborrecem? Pode parecer clichê, mas acho que nem Freud consegue explicar. Ah, se ele pudesse sentar comigo numa segunda feira de manhã, será que ele me entenderia? Será que se eu sentasse com você, tu me entenderia? Será que a conversa, o solucionador de todos os problemas do mundo de acordo com pesquisas do Facebook, resolveria nosso problema? Não sei. Eu sentei comigo mesma e senti um vazio do tamanho do mundo. Um vazio que você deixou e eu fui cavando. Um vazio que eu escolhi tomar café, almoçar e jantar. Um vazio que acho que conversas não irão satisfaze-lo. Um vazio que é uma das coisas que eu mais odeio no mundo. Você sabia? Acho que você se sente assim também. Nossos vazios se conversam, será? Será que se nossos vazios se encontrassem um dia em um ônibus lotado, eles iriam ficar perto um do outro ou iríamos ignorar que um dia já se conheceram? Ah, quer saber a verdade? Uma das coisas que eu mais odeio no mundo é que eu não me lembro a última vez que nos abraçamos.