quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Minha piscina vazia

Eu acabei de sair de uma prova de recuperação, eu estava totalmente confiante de que eu tinha estudado o suficiente e que eu iria bem, mas acho que não foi bem assim que aconteceu. Quando acabei a prova, tive a vontade de mandar todos presentes pra puta que o pariu, pro inferno para todos os lugares ruins no mundo. Tive vontade de me jogar na frente do primeiro carro que visse, tive vontade de pular do lugar mais algo que eu poderia ir, tive vontade de simplesmente sumir. De não ser mais eu, de não ser mais incompetente e decepcionar pessoas que acreditavam no meu potencial. Tive vontade de devolver toda a grana pros meus pais, e de dar um mísero adeus. Um adeus que pudesse transmitir toda a gratidão que tenho pelas únicas pessoas que jamais saíram do meu lado. Eu não pudi dar adeus pra ninguém, nem pra mim. Fui andando por aí com a cabeça em outro lugar, fui andando por aí com vontade de chorar e me jogar nos braços do primeiro estranho que visse no meio da rua, mas  eu tentei me abraçar e jogar-me dentro de mim e não consegui. Não consegui fazer nada. Não consegui e só vi vazios dentro de mim. Vazios, vazios vazios vazios e mais vazios. Foi como pular dentro de uma piscina vazia. e cair de cara no fundo dela. Caí de cara na minha piscina, não consegui encontrar nenhuma gota d'água. Eu venho sendo essa piscina vazia por tanto tempo que quando penso que estou nadando, na verdade, estou em pé, sem movimento nenhum. Sem companhia e sem nenhuma esperança. Estar vazio, se sentir vazio, é desejar cada vez mais não ser. Minha piscina está cheia de folhas velhas e mortas, cheia de lembranças de pessoas que não existem mais, cheia de pedaços de mim que nunca mais poderei ter. Cheia de eu que não é mais eu. Minha piscina está tão suja, os ratos já foram embora e acharam um lugar melhor para se procriar. Ela tá vazia, e pedindo pra ser cheia. Eu saí da prova de recuperação com vontade de aumentar o tamanho da minha piscina pra ver se eu consigo fugir de mim e dessa sujeira, eu não consegui. Continuei andando na rua, vários carros passaram, eu não me joguei na frente de nenhum. Não tinha nenhum prédio para eu subir até o último andar e pular, não tinha nenhuma das formas de eu dizer adeus. Eu voltei pra casa, continuei com a cabeça em outro lugar, e minha piscina continua aqui dentro de mim, sem maneiras de eu fugir ou limpá-la. Tive vontade de fazer tantas coisas, mas como o de costume, fui para cozinha e fiz dois mistros e um café. 

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