quarta-feira, 30 de novembro de 2016

[a bermuda]

Você arrancou do meu coração
com suas unhas grandes e fracas 
o meu amor a mim

Você arrancou de mim
a minha melhor parte 
o meu sorriso estridente 

Você me fez chorar 
ao me encarar no espelho
e me odiar por quem eu sou

Vai ver que uma bermuda
vai me definir 
vai me diminuir 

Será que isso é um alerta teu
um aviso do meu desastre?
Será que a bermuda 
é assim como eu?
Apenas uma bermuda. 

Eu vi você arrancar de mim
apenas com seu olhar frígido
a minha faísca 
de felicidade
de mim
de nós 

Eu te declaro a grande destruidora
de vidros, de corações 
de mim. A grande escultora 
Do meu grande desastre 

Ah, querida 
Meus textos são meus escudos 
eles você não me tira
Tira a bermuda
o cabelo
as tatuagens 
Mas, querida, 
o sofrimento tu não tira.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

[das histórias que eu gosto de contar]

alguém há um tempo 
tinha me dito que era o amor da minha vida
e vice-versa
gastei todas as minhas energias 
mas, sempre tinha algo de errado 
algo faltando 
o tal amor da minha vida 
a dona este importante título
quebrou meu coração. 
Era um título tão falso
quanto o do atual presidente 
assim como o meu 
Eu virei uma anarquista 
chega! eu disse. 
sem títulos, sem eleitas 
passei por carecas, cabeludas 
magras e até paulistas 
e só eu,
sabia da minha tristeza. 
Era tão vazia quanto as garrafas
de cerveja que tomava 
Até que, um dia 
como sempre me imaginavam 
''Você vai encontrar alguém''
Ao cruzar os olhos com uma garota 
eu sabia que tinha mudado,
não precisava de cargos, nem de eleitas 
de 
repente
eu me senti em casa.